No dia oito de setembro de dois mil e nove, estive em Luciara-MT para realizar a oficina do Gestar II, TP5, Unidades 19 e 20, com a presença de seis cursistas (três formados na área de Língua Portuguesa, uma na área de Biologia, outra na área de Pedagogia e a sexta apenas com ensino médio) e a coordenadora pedagógica do município. Iniciamos a oficina com a duração de oito horas, assistindo ao filme Narradores de Javé seguido de discussão baseada no roteiro de análise que recebemos no início da formação do Gestar II em Cuiabá, no mês de fevereiro deste ano. Dentro do que foi observado, os professores relacionaram a função de escriba que cada um de nós tem, quando mediamos o processo da escrita e reescrita com os educandos em sala de aula. No caso de uma produção coletiva, selecionar com cuidado as várias escolhas semânticas feitas pelos alunos ao estruturar um texto, observando sua coesão e coerência. Também refletimos sobre os temas memória e oralidade presentes no filme a partir da análise Narradores de Javé: a memória entre a tradição oral e a escrita de Maria Aparecida Bergamaschi. A memória, conforme explica a professora, é dinâmica, não está em nós como guardada em um baú: “Memória: lembrança e esquecimento; memória: trabalho de criação em função do presente.” A escrita só passa a ser foco da comunidade porque surge a necessidade de usá-la para comprovar que as terras lhe pertence. O povo de Javé teme a escrita pois “altera a relação com as palavras, fixa as ideias, rouba-lhe o movimento.” O trabalho da memória evoca lembranças e na busca das origens do Vale de Javé elementos da memória individual e coletiva aparecem. Segunda a professora, “a oralidade permite um refazer constante do passo a ponto de não separá-lo do presente.” Mas o fim da narrativa fílmica o oral e o escrito se reconciliam quando Antonio Biá retoma o “livro da salvação”. E aí vem um dos aspectos positivos e necessários da escrita porque ela não apaga “a experiência vivida da memória que produz marcas indeléveis nos corpos e que a própria polissemia da leitura revela.” O próximo momento foi de produção de texto publicitário sugerido pela oficina do TP5. Em duplas, os cursistas produziram o texto combinado com a atividade do AAA5, p. Negar para afirmar. Nessa atividade, o foco de estudo é o texto publicitário, a propaganda das Casas Bahia e a confecção de propaganda com frases negativas. Três textos elaborados: 1) Produto de beleza contra rugas para mulheres a partir de trinta anos – NÃO DEIXEM DE USAR Mulheres que se cuidam vivem mais e despertam olhares. 2) Escola BUTTERFLY – Nós fazemos nossa história... Brincando! Junte toda a liberdade: sala de aula ao ar livre, flexibilidade nos horários com dois recreios intercalados. Não perca o futuro da nova geração! 3) Não há nada igual como uma família feliz! Gel dental CHOCOLATE. Para você e sua família. As duplas socializaram a produção intercalando com os conceitos que embasaram a construção do gênero: mecanismos de coesão e a relação lógica da negação. Fechamos o encontro com a socialização das atividades em sala de aula, tecendo reflexões teóricas presentes no TP (inclusive o Ampliando as nossas referências) e que dão respaldo para as atividades trabalhadas pelos cursistas: 1) TP5 (19 E 20), p. 130 – Explorar os elos de coesão ao tecer um texto. 2) TP5 (19 E 20), p. 162 – Criar uma história a partir de um tema ou de um título dado (dois cursistas). 3) TP5 (19 E 20), p. 196 – Trabalhar juntos na organização de um texto. 4) AAA5professor, p. 79 – As marcas do texto/Empregar elementos linguísticos em função coesiva. 5) AAA5professor, p. 95 – O enlace de idéias/Analisar a construção da coerência em textos. 6) AAA5professor, p. 105 – Para organizar as informações/Identificar e empregar relações lógicas na construção de sentidos do texto. A atividade que mais trouxe dificuldade para o cursista foi a do TP5, p. 162. Segundo seus relatos, os alunos não se agradaram da idéia de produzir o texto com as respostas de outros colegas. Eles queriam as suas próprias respostas. Outro ponto em destaque é que um dos cursistas não trabalhou um tema apenas, mas vários, o que dificultou o emprego dos elementos de coesão com fatos estranhos uns aos outros. Já a outra professora disse que mesmo trabalhando um único tema, não houve boa recepção da atividade por parte dos educandos. Foi uma oficina produtiva e percebi que os conceitos ficaram claros principalmente para os professores que não têm formação na disciplina de Língua Portuguesa.
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