quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sala de Formador - 07 e 08/04/2011

07/04 – Sala de Formador – Estudo Bibliográfico (Todos os formadores): A qualidade na educação, texto de Moacir Gadotti (publicado em novembro/2009).


Pontos do texto destacados pelo grupo:


a)       O que é qualidade? – Qualidade não deve estar separada da quantidade. A qualidade educacional deve ser para “acolher a todos e a todas” expressão que, segundo o autor, foi bastante usada por Paulo Freire. Qualidade também se encontra presente no Documento de Referência da Conferência Nacional de Educação – CONAE. O conceito que a ele mais se relaciona é o de educação integral. Educação como política pública, como princípio orientador do projeto político-pedagógico e que busque a qualidade sociocultural da educação.
b)       Qualidade da educação na sociedade da informação – Gadotti (2009) reforça que é fundamental aprender a pensar autonomamente e o professor nessa perspectiva deve criar conhecimento e não reproduzir informações: “Ele deixará de ser um lecionador para ser um organizador do conhecimento e da aprendizagem. Poderíamos dizer que o professor se tornou um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um cooperador, e, sobretudo, um organizador da aprendizagem.” (Gadotti, 2009, p. 5) E o aluno também deve construir e reconstruir o conhecimento a partir do que faz. Para Gadotti (2009) é função de a escola criar “novos conhecimentos e relações sociais e humanas, sem abrir mão do conhecimento historicamente produzido pela humanidade, uma escola científica e transformadora”. Esses apontamentos conduzem à necessidade de investimento na formação continuada do professor. O aluno tem o direito de aprender na escola e o professor o de dispor de condições de ensino e de continuar estudando.
c)       Ameaças à qualidade da educação – Aponta o articulista como ameaças o instrucionismo (o docente reproduz o que está escrito no livro texto, no manual, não escolhe, não tem autonomia), a desprofissionalização (o professor não pode ter apenas o tempo da aula, precisa ter tempo para se dedicar ao aluno, conviver com ele, acompanhá-lo e avaliá-lo continuamente) e a mercantilização (atribuição de um valor econômico a todas as coisas como, no caso, a educação). Expressa que com a generalização do acesso livre e gratuito ao conhecimento e à cultura permitido pelas tecnologias digitais, há possibilidades de redução das desigualdades sociais.
d)       Crise de qualidade como reflexo da crise do paradigma educacional – Recorre a indicações da Unesco que aponta como necessidade de uma outra qualidade da educação, o paradigma da sustentabilidade (Morin apud Gadotti, 2009, pp.13-14). Urge para a sociedade uma nova maneira de bem viver. Como novo paradigma de vida para a qualidade social na educação o autor dá crédito à sustentabilidade, ou seja, “a preservação do meio ambiente depende de uma consciência ecológica e a formação da consciência depende da educação” (Gadotti, 2009, p. 14). Educar para a vida sustentável, para a simplicidade voluntária, para viver os valores da “simplicidade, austeridade, quietude, paz, serenidade, saber escutar, saber viver juntos, compartilhar, descobrir e fazer juntos” (Gadotti, 2009, p.12).


Diante desses apontamentos, o grupo entende que nas escolas do polo de São Félix do Araguaia-MT, faz-se necessária a discussão para a qualidade social da educação a partir do paradigma da sustentabilidade. Discutir com a comunidade escolar: o que é, para que serve, quem envolve, como se faz.


Penso que reflexões como essas nos desequilibram positivamente no sentido de que qualquer temática abordada na formação continuada e no próprio contexto escolar só terá significado se relacionado ao educar para viver no cosmos a fim de que as comunidades escolares exerçam a cooperação e a solidariedade. Estamos preparados para isso? Quem sabe um pouco. O que não podemos mais é estar no planeta como expectadores, mas como atores e coadjuvantes. Educação ambiental virou moda para muitos, e não ação-reflexão-ação. Moda esquecida e extremamente discutida. Dentro do contexto da qualidade social não pode ser moda, deve ser estilo de vida da sociedade, das instituições, da escola, dos docentes, não docentes e discentes, dos pais e encarregados da educação, do ser humano.

08/04 – Sala de Formador – Língua Portuguesa (Formadora Judite): A formação continuada na disciplina terá por base alguns textos da pós-graduação em Metodologia do ensino de língua portuguesa cuja professora formadora atua como pós-graduanda: artigo Piaget, Vygotsky, Freire e a construção do conhecimento na escola (pdf), texto de Zélia Jófili, professora do Departamento de Educação da Unicap e professora associada da UFRPE.


No texto, a autora analisa as contribuições de Piaget, Vygotsky e Freire para a construção do conhecimento na escola, discutindo como se dá essa construção na visão desses autores e argumentando a importância de o professor desempenhar essa construção. Seu percurso textual se dá a partir de cinco motes:


1-       Como se dá a construção do conhecimento? Nesse item, a autora comenta a ênfase de cada um dos autores para a construção do conhecimento. Para Piaget a interação acontece com objetos e para Vygotsky, a interação é social. Inclui em sua discussão, a pedagogia crítica de Paulo Freire, cujas características complementam os enfoques dos dois outros autores. Vygotsky e Freire compartilham a preocupação com o desenvolvimento integral das pessoas. Para eles, a aprendizagem deve ser conduzida pelo professor a fim de alcançar os objetivos.
2-       Como pode o professor facilitar a construção do conhecimento? O professor deve estimular seus alunos a refletirem sobre suas próprias ideias e procurarem estabelecer um elo com o conhecimento cientificamente aceito. Tal comparação propicia um “conflito cognitivo” e possibilita ao aluno a reestruturação de suas ideias. Nesse processo, o aluno assume-se “sujeito do ato de aprender”. E o professor deve também estar consciente dos conceitos prévios dos seus alunos, pois isso o capacita a planejar ações para a reconstrução dos conceitos, ajudando-os a relacionarem suas experiências prévias às situações sob estudo.
3-       Diferenças entre o ensino tradicional e o ensino construtivista – A professora Zélia Jófili preocupa-se mais com a perspectiva do ensino enquanto construtivista, que deve considerar: o conhecimento prévio do aluno; o papel de mediação do professor e sua disponibilidade para aprender com os alunos, ser reflexivo e pronto para mudar; o planejamento das estratégias; o planejamento do trabalho prático; o envolvimento do trabalho prático na construção de elos com os conceitos prévios; a aprendizagem como aquisição, extensão, reorganização e análise crítica de novos conceitos; e a responsabilidade final da aprendizagem como uma ação dos próprios alunos.
4-       O que é uma construção crítica do conhecimento? A professora esclarece que sua preocupação vai além de um ensino construtivista, mas que esse ensino deve ser também crítico e aponta atitudes para um ensino com essa mão dupla: consciência do que acontece ao redor; estímulo ao pensamento crítico dos alunos; introdução ao diálogo crítico; busca de respostas aos problemas levantados; levantamento de novas questões; promoção de aprendizagem significante, crítica, emancipatória e comprometida; consciência de ser parte na contribuição de uma sociedade mais justa.
5-       Aprendizagem crítico-construtivista versus ensino crítico-construtivista – A autora analisa que o construtivismo tem contribuído bastante quanto à aprendizagem em muitas áreas, mas pouco tem sido feito com relação ao ensino e à formação de professores. Os dois – aprendizagem e ensino crítico-construtivista – são interligados e o segundo deveria preparar o ambiente para o primeiro. Na visão do ensino, uma postura crítico-construtivista implica: o entendimento da maneira como os alunos constroem, articulam e processam o conhecimento; o apoio aos alunos na expressão de seus conceitos; a não depreciação às informações trazidas pelos alunos; a contextualização do ensino; a demonstração de que aprender requer questionamento e transformação; o encorajamento dos alunos para colocar problemas; a apresentação do assunto como problema dentro da experiência dos alunos a fim de serem trabalhados por eles; e, a condução da classe num processo democrático de aprendizagem e de criticidade.


Refletindo a partir dessa contribuição da professora, mais uma vez, assim como no estudo em conjunto do primeiro texto, reforça-se a importância da formação continuada de professores e fica evidente que o professor precisa/deve saber o que faz. As estratégias de ensino permitem a livre expressão dos conhecimentos espontâneos vindos dos alunos e a rigorosidade para o trabalho intelectual.


E nós, professores? Qual tem sido nossa postura? Que tipo de ensino temos aplicado aos nossos alunos? Permanecemos com o tradicional? Ou nossa postura já indica uma preocupação com a construção crítica do conhecimento? Como nossa prática docente tem contribuído para que o aluno seja ele mesmo sujeito da aprendizagem? Essas perguntas são apenas para uma autoavaliação e que, assim como me foi útil, também seja uma contribuição positiva para todos os leitores dessa síntese reflexiva.


Judite Ferreira Souza

Webgrafia

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