quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Relato/Reflexão do Sala de Professor do 3º Ciclo/EJA da EE Humberto Castelo Branco, Luciara-MT – 28/09/2010


Em primeiro lugar, foi dada à formadora Judite a palavra para socializar a devolutiva analítica do diagnóstico[1] das turmas das professoras Elissandra Gama Carvalho e Ivany Gomes Arruda de Língua Portuguesa, 6º ao 9º ano, Ensino Fundamental II, tendo em vista que precisaram de auxílio para a análise. 
As professoras construíram quadros contendo o número de alunos, os conceitos (Insuficiente, Razoável, Bem, Muito Bem), os descritores e a totalidade de pontos alcançados nas produções (gêneros poema, memórias literárias, crônica). Faltava, porém, o nível de proficiência (Abaixo de Básico, Básico, Adequado, Avançado)[2] obtido por seus alunos. A formadora completou os quadros.
A partir dos resultados e com a leitura do nível de proficiência, gráficos foram construídos. Seus índices demonstram o nível de aprendizagem da turma (produção final da sequência didática) ou o nível de conhecimento do gênero (produção inicial da sequência didática). O destaque neste relato é para o aspecto positivo de se trabalhar conforme a proposta da Olimpíada de Língua Portuguesa, ou seja, com gêneros textuais por meio de sequência didática e de se diagnosticar avanços e dificuldades no início e/ou final dessa sequência.
Em uma das turmas da professora Elissandra Gama Carvalho (2ª Fase “A”, 3º Ciclo ou 8º Ano), dez alunos entregaram no prazo a produção final, dados que serviram como fonte para o diagnóstico. A leitura do gráfico abaixo permite avaliar o nível de proficiência e demonstra, mesmo que numa interpretação mais geral, que vale a pena o ensino de gêneros textuais através de sequência didática. O número de alunos parece pequeno, mas para uma turma com a média de vinte alunos retrata amostragem de cinquenta por cento, o que permite abranger o trabalho que foi feito pela professora:


Num primeiro olhar, a partir da produção final desses alunos, pode-se perceber que os níveis adequado (65 a 90%) e avançado (90% a 100%) retratam resultado positivo com o trabalho com gênero através de sequência didática:
 Pensar o ensino da língua portuguesa, por exemplo, exige do educador o domínio da língua, de seus princípios de aprendizagem, e uma reflexão minuciosa da realidade, para então organizar e articular a seleção de temas e conteúdos que devem ser ensinados sistematicamente.
Para trabalhar com gêneros textuais é fundamental elaborar uma sequência didática, um roteiro de ações. Esse procedimento permite integrar as práticas sociais de linguagem – escrita, leitura e oralidade –, guiando as intervenções do professor.
A sequência didática tem como finalidade abordar aspectos envolvidos na produção de textos em um determinado gênero. Esse conjunto de atividades permite que os alunos dominem as características próprias do gênero em estudo e tenham condições de escrever cada vez melhor. (Na ponta do lápis, nº 11, p. 31)
Em seguida, a formadora socializou a construção de um segundo gráfico que demonstra o nível alcançado pelos alunos diante dos quatorze descritores discriminados para a produção do gênero memórias literárias. Esses quatorzes descritores estão distribuídos em quatro critérios padronizados pela Olimpíada de Língua Portuguesa (Tema, Adequação ao Gênero – Discursiva e Linguística –, Marcas de Autoria, Convenções da Escrita). O gráfico a seguir ilustra melhor quando aponta o nível para cada descritor:
Os descritores[3] explorados na produção das memórias literárias estão no quadro para correção no caderno Se bem me lembro organizado pela Olimpíada de Língua Portuguesa, projeto que trabalha a leitura e a escrita inicialmente protagonizado pelo Programa Escrevendo o Futuro/Banco Itaú, atualmente validado como programa do MEC em parceria com o CENPEC e adotado pela Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso como projeto de ensino de Língua Portuguesa, cujo público vai desde o 5º ano do Ensino Fundamental I ao 9º Ano do Ensino Fundamental II e Ensino Médio.
Dos dez alunos, nove compreenderam muito bem a temática da produção, e mais de cinquenta por cento do grupo corresponderam a alguns dos quesitos de adequação ao gênero no aspecto discursivo e linguístico, de convenções da escrita no aspecto de rompimento da língua padrão a serviço do sentido do texto. Não houve conceito insuficiente nessas produções como se depreende do quadro acima. E o conceito razoável chama a atenção (quer dizer, de dez alunos, apenas um com esse conceito) para a adequação discursiva ao gênero no que depreende transparecer sentimentos, impressões, apreciações para enredar o leitor; a adequação discursiva ao gênero referente à organização do texto obediente à lógica interna da narrativa; e convenções da escrita quando parte para os aspectos da morfossintaxe, ortografia, acentuação e pontuação.
Por que é importante essa leitura diagnóstica? Porque dá ao professor um retrato visível daquilo que seus alunos alcançaram, bem como permite o planejamento para as ações pedagógicas futuras no ensino de Língua Portuguesa e às intervenções necessárias, foco do projeto Sala de Professor. Além disso, concretiza as seguintes finalidades, como apontam Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p.110): 
- Preparar os alunos para dominar sua língua nas situações mais diversas da vida cotidiana, oferecendo-lhes instrumentos precisos, imediatamente eficazes, para melhorar suas capacidades de escrever e de falar;
- Desenvolver no aluno uma relação consciente e voluntária com seu comportamento de linguagem, favorecendo procedimentos de avaliação formativa e de auto-regulação;
- Construir nos alunos uma representação da atividade de escrita e de fala em situações complexas, como produto de um trabalho, de uma lenta elaboração.
Além da leitura do diagnóstico dessa turma, fez-se a leitura dos diagnósticos de duas turmas de 7º ano que também produziram o gênero memórias literárias e da turma de 9º ano que produziu o gênero crônica. Uma das turmas de 7º ano não apresentou resultado satisfatoriamente positivo na produção final o que levou à reflexão e observação dos próprios professores participantes do Sala de Professor para a necessidade de se trabalhar novamente o gênero (próximo ano) com o olhar mais atento para as dificuldades acentuadas dos alunos.
Após essa exposição, ouvimos a apresentação de relatos de experiência pedagógica das professoras Rita de Cássia (Matemática)[4] e Inês (Educação Física) a partir do que foi trabalhado na formação sobre procedimentos de estudo. As professoras gostaram da experiência e acreditam que é uma maneira de orientar o ensino principalmente a partir das avaliações das atividades realizadas.  Essa prática não é uma constante nossa, mas a escola abraçou isso e no projeto de Sala de Professor para este semestre uma das avaliações será o relato produzido também pelos alunos.
O encontro finalizou com a leitura de trecho da obra Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas, de Júlio Groppa Aquino, abordando tópicos como Vygotsky e o desenvolvimento humano e A família, a escola e o aprendizado da disciplina. A discussão foi breve com a pendência de debate para o próximo encontro. Essa leitura tem por finalidade amparar teoricamente o projeto que tematiza a indisciplina, e que segundo, diagnóstico dos professores é um dos quesitos que dificultam a aprendizagem do aluno em sala de aula.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
De olho na prática: Ensinar – O quê? Como? IN: Na Ponta do Lápis, ano V, nº 11, p. 31.
DOLZ, Joaquim, SCHNEUWLY, Bernard e colaboradores. Gêneros orais e escritos na escola/tradução e organização Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro – Campinas, SP: Mercado das Letras, 2004. (Coleção As Faces da Linguística Aplicada).
Se bem me lembro... : caderno do professor: orientação para produção de textos / [equipe de produção Regina Andrade Clara, Anna Helena Alternfelder, Neide Almeida]. São Paulo: Cenpec, 2010. (Coleção da Olimpíada).

Por Judite Ferreira Souza
Professora Formadora em Língua Portuguesa

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[1] Esse diagnóstico foi uma proposta sugestiva do Centro de Atualização dos Profissionais da Educação (CEFAPRO) de São Félix do Araguaia-MT a fim de que os professores possam encontrar os pontos frágeis da aprendizagem do aluno em suas respectivas disciplinas para ajudar na construção de projetos para o Sala de Professor, já que a proposta do Sala de Professor é contribuir para o ensino do professor e, a partir desse ensino, cooperar com a aprendizagem do aluno. [2] Abaixo de Básico (0% a 50%), Básico (50% até 65%), Adequado (65% a 90%), Avançado (90% a 100%). Porcentagem alcançada no somatório dos pontos. [3] As abreviaturas do gráfico AG D, AG L, MA e CE significam respectivamente: Adequação Discursiva ao Gênero, Adequação Linguística ao Gênero, Marcas de Autoria e Convenções da Escrita. [4] O relato da professora Rita de Cássia já está postado no blog (setembro/2010): http://www.juditeferreirasouza.blogspot.com/.


OBSERVAÇÃO: Com a permissão da escola para esta postagem.

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