segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Reflexões sobre o encontro do TP6: Posto da Mata (SFA-MT/Município, zona rural)

Essa oficina foi realizada apenas com as professoras da zona rural (como já havia falado, a turma de SFA-MT, foi dividida devido a dificuldades com passagens, hospedagem e alimentação). Ultimamente, temos acordado (eu e a companheira de Matemática) às cinco da manhã para atender às oficinas e chegar às oito horas no local. Não tem sido fácil. É bastante cansativo. Estava conversando com minha colega do Gestar II (Matemática) dizendo-lhe que ainda bem que Deus não permite que visualizemos o futuro, principalmente a parte dos desafios e obstáculos a serem transpostos porque se não muito trabalho não seria realizado. Quando aceitei trabalhar no Gestar II, não fazia ideia da dimensão dos desafios, obstáculos, dificuldades, cansaço, fins de semana fora de casa (longe da família, principalmente porque minhas crianças são ainda pequenas) que iria enfrentar. Não sei se abraçaria essa jornada se soubesse de tudo isso... Vejo que ainda há muita coisa que preciso fazer para deixar tudo em ordem (infelizmente sou exagerada quanto à organização!). Uma coisa é acompanhar quarenta, sessenta pessoas num local. Outra coisa é atender um grupo de quarenta cursistas em sete localidades diferentes, contando com estradas de chão, que na época da seca nos sufoca com tanta poeira vermelha e, na época da chuva, atrapalha nossas viagens com atoleiros. Aliás, elas (as chuvas) já chegaram. Além do Gestar II, estou responsável por acompanhar o trabalho com as Olimpíadas de Língua Portuguesa no polo. Neste semestre, já fui a Cuiabá-MT (viagem de vinte e quatro horas) três vezes. E ainda vou mais duas vezes até o final de novembro... Trabalho não falta, sobra.
Entretanto, olhando por cima do ombro e fazendo uma retrospectiva em relação ao ano de 2008, percebo quanto crescimento obtido: amizade, troca de experiência com os meus pares – isso é fantástico! -, leitura reflexiva, aprofundamento teórico com o estudo dos TPs (ainda não sou mestra nem doutora...), experiência como formadora – afinal este é o meu primeiro ano com essa função -, conhecimento da região, financeiro. Nossa! Quanta coisa boa num ano só!
Naquele local (o da oficina), comecei com o filme Narradores de Javé, pois no encontro passado, não foi possível. Também fizemos a leitura da análise feita por Maria Aparecida Bergamaschi. Até aí tudo tranquilo. Chamou a atenção a falta da etapa Planejamento na nossa prática pedagógica e ainda da revisão da produção textual feita pelo próprio aluno, porque quem fazia/faz éramos/somos nós e abarrotávamos/abarrotamos o nosso aluno com tanto conteúdo na correção de uma única produção textual que ficamos estarrecidas ao perceber tantas falhas cometidas por acreditar estar no caminho do paraíso da escrita. Antes de iniciarmos o trabalho com o texto de revisão, enfatizei a importância de revermos nossa postura em relação ao planejamento de uma produção textual a partir de nós mesmas. A atividade sobre a autobiografia como educador(a) foi o ponto de partida para essa reflexão, bem como a orientação para a execução total dessa atividade, a fim de observarmos como deve ser feito esse processo com nossos alunos. Mas o que mais mexeu com o grupo, depois de fazermos um panorama das Unidades 21 e 22 do TP6, foi o trabalho de planejamento de uma aula de revisão e edição coletiva a partir do texto sugerido pela formadora Adelaide no encontro em Cuiabá-MT. Antes disso, uma professora que ainda não sabia direito como seria essa etapa, perguntou-me angustiada:
- Que faço para ajudar meu filho, que é meu aluno (5º ano), a fazer a segmentação das palavras? Não sei o que fazer?
Interessante que no texto de revisão trabalho há um exemplo: “pédajenti”. Então lhe respondi para esperar o resultado do trabalho com o texto e no final, ela me diria se havia encontrado a resposta. Destaquei que numa revisão de texto, como está no TP, não se deve contemplar a gramática inteira. Focalizar poucos conteúdos é o ideal. Essa era uma angústia visível em cada rosto ali presente. Quando apresentei essa idéia (que está na Unidade 23 do TP6), foi impressionante o suspiro de alívio das professoras. Que coisa maravilhosa! Quantas fizeram o depoimento do desespero que enfrentavam (assim como eu!) por acreditar que deveria em cada produção do aluno “dissecar” tudo o que fosse necessário para que o trabalho fosse eficaz. Esse momento foi de descobertas! A professora-mãe aproximou-se de mim e disse:
- Já sei o que fazer com o meu aluno-filho!
A socialização do andamento das atividades em sala de aula foi enriquecedora! Nem todas apresentaram, preferiram aperfeiçoar/replanejar a atividade e trazer no próximo encontro. Mas uma atividade foi destaque: AAA6p, p. 30 (Do geral para o particular), com o texto Gravidez precoce. Tanto as professoras quanto os alunos se empolgaram com o tema e a reflexão sobre esse momento em que passam muitas adolescentes marcou as turmas. O debate foi bem sucedido. Quanto ao objetivo de identificar os argumentos não houve dificuldade e os alunos não acrescentar os parágrafos solicitados (depoimentos específicos), e também escreveram um texto sobre o tema, expondo seus pontos de vista e experiências conhecidas de colegas, vizinhos, amigos. A interação com o outro reforça a fala da professora Adelaide: “Como é gostoso aprender com o outro...”.

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